No dia 15 do mês de Outubro, acontece o Dia Internacional de Sensibilização á Perda Gestacional e Infante.
Desde o dia primeiro deste mês estou tentando escrever algo, e este sem dúvida foi um dos textos mais difíceis que já escrevi e também o mais pessoal. No início era apenas para ser um texto teórico com informações sobre os aspectos psicológicos da perda gestacional, mas não foi possível deixar de lembrar de toda minha experiência, de cada frase dita de forma equivocada, de cada face de espanto quando digo que passei por quatro perdas gestacionais e muito menos por cada tentativa desajeitada de consolo como por exemplo “logo vocês terão outro filho” ou “foi melhor desta forma, devia ter alguma coisa errada com o bebê”, ou ainda de comentários do tipo "quando terão outro bebê? Filho único não é legal!", e hoje, depois de visitar muitas vezes essa dor dentro de mim, visto a minha melhor cara de paisagem, dou um sorriso e não justifico mais, simplesmente respondo que estou feliz assim, mas na verdade a vontade interna e de gritar a todos que possam ouvir que sou mãe de CINCO filhos e não apenas de um, que nosso filho Rafael, que é nosso bebê arco íris e nos presentou com a sua vinda á terra, tem quatro irmãos anjos que moram no céu. Logo, ele não é filho único e essas quatro crianças anjo se fazem muito presentes em nossa família.
Sei e sinto que nenhum destes comentário é na maldade, mas são tentativas frustadas e dolorosas de consolar a mãe, o pai, a família neste momento, que acabam fazendo justamente o contrário, por incompreensão da situação e de todos os aspectos psicológicos envolvidos.
Fico imaginando que para mim, que tanto já me trabalhei, que tenho essa dor dentro de mim acalentada e hoje em um lugar confortável e especial em meu coração, as vezes me incomoda, como é para aquelas mães que não puderam ainda viver essa perda, elaborar o seu luto. Porque no início tentamos sufocar a perda, não podemos falar, sofrer, expor nossa dor, porque é extramente desconfortável para o outro nos ouvir, e simplesmente silenciar ao nosso lado.
Neste mês de Outubro, um mês direcionado á Sensibilização à Perda Gestacional e do Infante, eu desejo chegar ao maior número de famílias que passaram por esta experiência e dizer a elas que lembrem das suas gestações e de seus bebês não só este mês mas no seu dia-a-dia, como eu lembro. Que todos os bebês "perdidos" sejam encontrados facilmente pelos seus nomes, porque sim esse bebês também precisam de nomes. Que os filhos que aqui ficaram, saibam seus lugares de chegada e que não sejam colocados em um lugar que não é seu, porque isso trará sérios danos lá na frente, sei porque trato disso diariamente com os meus pacientes em consultório, e posso afirmar que para quem fica não é legal ocupar um lugar que não lhe pertence, o peso é imenso.
E dizer que desejo que toda a dor vivenciada no luto possa, com o tempo, se transformar em saudade, amor e força e ânimo para que a vida siga seu caminho. Desejo também que cada mãe e cada pai possa falar de suas perdas e que possa encontrar apoio em seus familiares e amigos, e que o filho perdido não seja um tema que cause desconforto para quem os escuta.
Este dia é uma oportunidade para os pais, suas famílias e amigos reconhecerem e lembrarem seus preciosos bebês que morreram, independentemente do tempo gestacional. É também uma oportunidade para aumentar a conscientização sobre o impacto emocional da morte no período pré, peri e neonatal na vida da família.
Nos próximos dias vou continuar a postar textos para que possamos juntos e dentro de cada um de nós ir encontrando esse lugar de acalento aos nossos bebês. E te convido a acompanhar, mesmo que na sua consciência você não saiba de uma perda gestacional, mas talvez muito perto de você tenha alguém precisando desse abraço gostoso.
Sinta o meu abraço mais carinhoso com você hoje.
Aos meus queridos filhos, Mateus, Lucas, Rafaela, Rafael e Laís.
Amorosamente, Tatiana Notari (para vocês, Mamãe.)
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